Um fabuloso circuito de Cicloturismo contornando a Chapada Diamantina

Post atualizado em 24/06/2021 para anunciar a saída CONFIRMADA para Chapada Diamantina, de 10 a 16/10/2021!

Quando expandimos nossa lista de destinos para além do Sul do Brasil, os caminhos nos levaram a criar o roteiro de Cicloturismo na Volta ao Parque Nacional da Chapada Diamantina, ícone do Ecoturismo em um dos mais belos ambientes naturais do planeta

Antes de qualquer impressão mais a fundo, convém dizer que “a” Chapada não é apenas uma: suas paisagens são múltiplas, prova disso é que sua zona de influência abrange ecossistemas de biomas como Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga – até um pequeno pantanal figura entre os atrativos.

Em nosso roteiro, que parte de Lençóis no rumo sul, a primeira parte é marcada pela Estrada do Garimpo e o mar de águas que despenca da Serra do Sincorá. São freqüentes as travessias por regatos que podem passar dos joelhos, em áreas que foram assoreadas nos períodos de lavras. Debaixo de sol forte, ninguém reclama das freqüentes possibilidades de refresco.

 

O primeiro dia termina com a desafiante subida em estrada de pedra rumo a Igatu. Ali, a pousada Flor de Açucena é um dos atrativos: com uma bela arquitetura que valoriza e se integra aos desenhos de pedras da região, oferece um incomparável mirante à Serra do Sincorá.

No café da manhã, as boas vibrações do local são acompanhadas de ilustres visitantes.

Igatu, tombada pelo IPHAN, é um registro vivo da saga dos diamantes pela região, que teve seu auge no século XIX. Àquela época, chegou a ter 7.000 habitantes – reduzidos hoje a pouco mais de 400, que confere o agradável ar pacato à cidadezinha. De modo artesanal, esquadrinhar as águas caçando tesouros ainda é um hábito ativo, e boa parte do que se encontra é transformada ali mesmo em pitorescos ateliês, nas mãos de artistas sempre dispostos a falar sobre seu ofício aos visitantes.

Deixando Igatu vamos ladeando o rio Coisa Boa, ladeira abaixo, por caminhos de pedra bem técnicos e paisagens incríveis que nos transportam à remota era do garimpo.

Depois da trilha seguem-se caminhos alternados entre asfalto e bons estradões de terra. A meta é o município de Nova Redenção, onde a abundância de belezas da Chapada é representada pelo Poço Azul. Antes de nos entregarmos ao inigualável mergulho em suas águas, alimentamos o imaginário ao conhecer a fantástica descoberta científica que teve o Poço como palco há 10 anos, quando ossos de preguiças gigantes (estimadas em 4,5 metros e várias toneladas quando vivas) foram encontrados por ali.

No terceiro dia de pedaladas, deixamos Mucugê e já estamos à oeste da Serra do Sincorá. Caminhos de terra vermelha serpenteiam planícies em um microclima especial, perfeito para os cultivos de cafés nobres que se mesclam às paisagens. Se apertar o fôlego na subida da Serra do Cansa Cavalo, recupere-se parando e olhando para trás: a espetacular Chapada agora descortina o Esbarrancado, com 1700m, seu ponto culminante.

No final deste dia, chegamos ao famoso Vale do Capão, acessado pela forte elevação de 550m em 19km a partir de Palmeiras.

É a partir do Capão que fazemos o imperdível trekking de 5 horas (ida e volta) até a Cachoeira da Fumaça, a segunda maior do Brasil. Antes de encontrar com a gigante, os olhos descansam contemplando um imenso jardim, com a profusão de espécies de flores preservadas pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina. Lá chegando, se a vertigem permitir você pode se deitar na pedra à beira do abismo e contemplar a água despencando  340 metros abaixo.

Na manhã seguinte, o primeiro atrativo é a Gruta da Pratinha. Na flutuação na fenda escura, vamos aguçando os sentidos e descobrindo, com a ajuda da lanterna subaquática, as belezas que a água esculpiu. Mas é no retorno, na entrada da Gruta, que o espetáculo atinge o auge: ali topamos com milhares de peixinhos em meio à luz azul que cintila em todas as direções.

No mesmo dia visitamos a Gruta Lapa Doce, esta em solo seco, mas também repleta de mistérios e belezas. Na caminhada para esta Gruta, a paisagem alterna-se entre a caatinga e os rastros da atividade geológica na região.

As maravilhas não terminam por aí. No final do dia, caminhamos para contemplar o por do sol no Morro do Pai Inácio. Reza a lenda que o personagem que dá nome ao local era escravo de um coronel dos diamantes. Ao envolver-se em adultério com a esposa do feitor, foi alvo de pesadas diligências, vindo a refugiar-se no topo do maior morro da região. O esconderijo não tardou a ser descoberto pelos guardas – quando acuado pela tocaia, Inácio atirou-se no abismo segurando o guarda-chuva da sinhá, tendo possivelmente rolado para algum vão das rochas sedimentares abaixo e a partir daí se tornado uma eterna lenda.

No último dia visitamos uma centenária fábrica de doces artesanais, nos Campos de São João. A partir daí, caminhos suaves nas Gerais do Camelo nos conectam a visuais espetaculares da região, com destaque para os Morros do Camelo e do Pai Inácio.

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