Expedição valida nova rota do Circuito de Cicloturismo Acolhida na Colônia: Rancho Queimado a Leoberto Leal

por Marcella Olinto

A Caminhos do Sertão esteve em uma expedição por um dos novos trechos do Circuito de Cicloturismo Acolhida na Colônia. Os primeiros confirmados para a viagem foram Jou, Dudu e Marcella. Como ainda sobravam lugares no carro, e como a gente gosta é de ver todo mundo pedalando conosco, lançamos o convite público: dois dias de viagem, aproximados 60km e subida acumulada de 1000m por dia e com o peso dos alforjes nas bicis! Na véspera, confirmaram presença a Marta e o Zucco.

Na sexta à noite, quase sábado, confirmou o Zeca. Resultado, conseguimos um carro a mais pra levar todos os cicloviajantes e suas bicis. No sábado de manhã cedinho, a Larissa embarcou também e estava formado e grupo dos sete desbravadores. No caminho até Rancho Queimado, lembro-me de ter visto no Facebook que era aniversário da Larissa. Ela confirma e todo mundo dá os parabéns. Todos ficam surpresos quando ela conta que deixou a família que veio visitá-la de lado e resolveu ir viajar. Isso que é gostar de pedalar!

Paramos em um mercado em Rancho Queimado para abastecer os alforjes que levavam pouca carga, pois seriam apenas dois dias. Carregar a comida do dia é uma das diversões do cicloturista autônomo. Mas comprar um quilo de bala de banana me pareceu um pouco exagerado. “Compensava muito mais pelo preço”, explicou a Larissa.

Pretendíamos sair cedo, mas ao meio dia ainda estávamos em Rancho Queimado, tomando um café passado pela Dona Laura, da Pousada Bauer, onde deixamos os carros. Partimos com sol, temperatura amena e uma longa descida de asfalto! Logo à frente, o primeiro banho de cachoeira, à beira da estrada. Muita água fria e revitalizante depois, seguimos viagem, agora quase que exclusivamente por estradas de terra. Até aqui, tudo na maior tranquilidade, nada dos 1000m de altitude esperados, e todo mundo conversando muito.

Além da terra, agora o trajeto era marcado por um intenso e íngreme sobe-e-desce, rodeado de paisagens bucólicas sensacionais. A conversa diminuiu e passou a acontecer nas paradas, e não por acaso. As subidas exigiram muita concentração e força! Com as paradas para fotos e comilanças, levamos um pouco mais de tempo para percorrer o trajeto, inclusive adentrando a noite, mas o ritmo da galera era impecável! Zucco liderando as subidas (louco pra ganhar a camiseta branca com bolas vermelhas) –  Larissa e Dudu em seguida, Jou, eu (Marcella) e Marta logo atrás deles. E o Zeca? Tinha dormido mal e pouco na noite anterior e vinha tranquilão fechando o grupo.

Na metade final, alguém sugeriu cerveja e todos acataram, menos o Zeca, que ainda não sabia se iria chegar inteiro. Além disso, precisávamos de um lugar para fazer o nosso “lanchinho”: pão, queijo, salame, tomate, chocolate, frutas secas, amendoim, bala de banana(!) e mais alguns salgados do boteco. Brindamos à viagem e à aniversariante e saímos prontos pra pegar mais umas subidas… Ver o dia ir embora pedalando é uma das coisas mais incríveis que existem! Chega o momento de se agasalhar mais, acender os faróis e descer com o breu ao redor.

O resto do caminho seguiu tranquilo e escuro até o Sítio São José em Leoberto Leal, onde fomos calorosamente recebidos pela Dona Vanda e família, que pacientemente esperaram que todos tomassem um banho quente e viessem à mesa. Ao final do banquete, veio o lindo bolo feito especialmente para a Larissa! Mais um tempo de prosa, e fomos dormir, pois o dia seguinte também prometia ser puxado.

Como de praxe na Acolhida, acordamos já com o cheiro do café da manhã, e uma mesa farta à nossa disposição. Eu e Larissa alongamos bastante enquanto degustávamos várias bergamotas, Zucco já estava pronto, Zeca não tinha mais desculpas, Dudu ficou batendo um papo até o último momento e o Jou fez várias fotos da Marta e da galera toda. Nos despedimos, levando uma foto e a vontade de voltar em breve para rever nossos mais novos amigos.

A manhã começou tímida e nublada e foi revelando-se aos poucos. Logo na saída, uns poucos arriscaram um banho de cachoeira à sombra. Chegamos no pequeno centro de Leoberto Leal e o Dudu aproveitou para contar o que nos aguardava: uma subida de 4km de distância e uma variação de 400m de altitude! Nessa hora, o Zeca quis voltar para o Sítio e penso que foi aqui que a Larissa decidiu lutar pela mesma camiseta do Zucco. Quase uma hora subindo e os dois revezando a frente. Fizemos a primeira longa parada para comer e descansar à sombra.

Compondo a paisagem que nos acompanhava, muitos sítios e fazendas, algumas nuvens no céu, nenhum vento, pouquíssimos carros, muitos cumprimentos de cabeça, uns tantos cachorros incomodados com o barulho das rodas nas descidas, muitos sorrisos, um belo horizonte e, claro, muita subida!

O bom de uma subida forte, é que (quase) sempre tem uma longa descida depois. Hora de esticar as pernas, praticar as técnicas de pilotagem e aproveitar o máximo de energia!  A bici do Zeca conseguiu um embalo tão grande que, a uns 20km do final da expedição, não pedalou mais. Pois é, a magrela teve um problema técnico (núcleo do cassete) e o Dudu ficou pra trás ora empurrando o Zeca, ora acompanhando enquanto ele subia a pé. Por sorte, a bici voltou a funcionar e eles conseguiram encontrar parte do grupo que estava no trevo – eu, Marta e Larissa. Jou e Zucco tinham ido na frente para buscar os carros. Como o caminho era o mesmo, resolvemos ganhar tempo e aproveitar o fim de tarde e a maravilhosa descida de asfalto.

Feito isso, carregamos o carro e tocamos pra Floripa! Conclusão unânime: um baita pedal, boas companhias e energias renovadas. Isso é cicloturismo: viajar na bicicleta, sem marcar o tempo e aproveitando para viver o que o caminho oferece!

O roteiro entre Rancho Queimado e Leoberto Leal é dos mais puxados do Circuito Acolhida na Colônia, com quatro serras no caminho, quase 60km de distância e mais de 1100m de subida acumulada. Em compensação, tem pelo menos três cachoeiras para banho e visuais deslumbrantes, além de muita natureza.